20/09/2022

Reescrevendo a História de Transformers - Uma Fanfic da Vida Real

Saudações, estimadas almas que ainda visitam o Blog do Cavalo Atômico em pleno ano do Nosso Senhor de 2022. Tudo bem com vocês?

Hoje estou aqui para escrever um texto diferente de todos os que já publiquei antes. Não é uma notícia, não é uma resenha, não é um obituário. É uma espécie de narrativa, conto, fábula, roteiro, fanfic, seja lá como você quiser chamar, em que apresento a vocês um universo paralelo ao nosso, uma realidade alternativa conceptualizada por mim mesmo onde a história da franquia Transformers se diferencia da vida real em alguns de seus principais momentos... mas se mantém a mesma em outros.

Para contextualizar, caso você ainda não conheça a minha história pessoal com Transformers, eu nasci no final dos anos 90 e conheci a franquia através da série Transformers: Robots in Disguise, ou Car Robots para os íntimos e A Nova Geração para os nostálgicos de plantão, lançada em 2000 no Japão, 2001 nos Estados Unidos e algum momento depois disso no Brasil (favor não confundir com a outra série chamada Robots in Disguise que saiu em 2015, aquela BOSTA). Virei fã imediatamente e passei alguns anos acreditando que aquilo era tudo que existia de Transformers até o lançamento do primeiro filme live-action em 2007; tanto é que, quando eu fui no cinema assisti-lo pela primeira vez, eu esperava ver uma uma reprodução bastante fiel de RID (eu até pensei que a Megan Fox estava interpretando a T-AI quando vi ela no pôster, pra vocês terem uma noção da minha falta de juízo), e obviamente acabei me surpreendo muito com o quanto o filme foi diferente disso. Só depois que decidi investigar mais a fundo, em parte porque só passei a ter internet em casa depois de 2008, e descobri que não poderia estar mais enganado quanto ao que eu acreditava inicialmente; a franquia na verdade já existia desde o longínquo ano de 1984, quando as pirâmides ainda eram jovens e alguns representantes da Hasbro decidiram visitar o Japão e plagiar pegar emprestado alguns brinquedos da Takara para distribui-los na América Unida dos Estados e lançar um desenho animado baseado neles. Felizmente (ou não), ninguém foi preso e a ideia deu certo, e desde então nem mesmo a morte prematura de Optimus Prime foi capaz de acabar com a franquia que se manteve ativa nesses últimos quarenta anos de uma maneira incomparável. Confesso que, assim que a conheci, não fui muito com a cara da G1 (cheguei até a fazer piada sobre a qualidade questionável de alguns de seus episódios com meus colegas de escola), mas não demorou muito para eu me acostumar e passar a gostar, e a partir daí me tornei fã da franquia inteira.

Com o passar dos anos, passei por muitas fases diferentes que determinavam quais aspectos da franquia eu gostava mais e quais eu gostava menos naquele momento. Tive a fase que fui mais fã de Prime, depois dos quadrinhos da IDW, depois de Animated, Beast WarsRescue Bots e assim por diante. A única fase que me faz sentir um certo arrependimento, no entanto, foi quando eu cegamente me deixei levar pela opinião dos outros (um clássico caso de comportamento de manada) e passei a acreditar que eu não podia mais gostar dos filmes live-action porque eles eram "problemáticos" e "não tão bons quanto eu pensava", e que eu deveria considerar a G1 como a "versão definitiva da franquia", a "única que importa" só porque um punhado de adultões décadas mais velhos que eu juravam de pé junto que a versão da franquia que eles tinham quando eram crianças era definitivamente melhor que a versão que eu tinha quando era criança. Pois hoje eu olho para trás eu digo: Porra nenhuma! Não vai ser nenhum ancião anônimo saído das catacumbas da internet que vai me dizer o que devo e não devo gostar.

Naturalmente, com a minha experiência de mais de uma década interagindo com outros fãs e acompanhando a evolução da franquia através dos principais sites do meio, já estou mega acostumado a lidar com esse tipo de coisa. Já passei da fase de ficar com raivinha da G1 por dominar a maior parcela da franquia e hoje simplesmente aceito como uma parte imutável da vida. Não me dou mais ao trabalho de falar sobre os filmes com ninguém, pois não me importo mais com o que qualquer outra pessoa acha deles, e prefiro continuar falando sozinho sobre eles no meu cantinho do Twitter (e tentando sempre me comportar ao máximo quando mesmo assim algum arrombado aparece pra me encher o saco). Enfim, tento sempre me mantém distante de intrigas a fim de manter minha paz interior; eu sei que é difícil, mas a nossa sanidade agradece. Existe uma questão, porém, que vem crescendo dentro de mim e perturbando essa minha busca pela paz, ao ponto de servir de inspiração para que eu decidisse escrever esta publicação toda. Mas antes de tocarmos no assunto em si, precisando falar um pouco sobre o estado em que RID se encontra atualmente.

Em suma, RID existe hoje em uma espécie de limbo. Ao contrário de todos os outros desenhos animados americanos de Transformers (e, como neste caso, adaptações americanas de desenhos japoneses), a Hasbro não possui os direitos autorais de RID, porque a sua adaptação ocidental foi terceirizada e realizada pela Saban (aquela dos Power Rangers) durante o período em que esta ainda pertencia à Disney. E bem, eu não entendo nada dessas questões legais, mas o que eu sei dizer é que, quando a Saban terminou com a Disney, os direitos de RID ficaram perdidos em algum lugar no meio da papelada do divórcio e, mesmo com a Saban eventualmente se casando com ninguém menos que a Hasbro alguns anos mais tarde, a guarda da criança supostamente ainda pertence à Disney. Ou seja, isso significa que a Hasbro não pode lançar RID em DVD ou colocá-la em um serviço de streaming, por exemplo, porque ela não é a atual dona da série, enquanto que a Disney também não pode fazer nenhuma dessas coisas mesmo sendo a dona da série porque ela não tem os direitos da marca e dos personagens de Transformers. Deu pra entender? Enfim, só o que você precisa realmente entender é que essa confusão é um dos principais motivos pelos quais RID se tornou relativamente mais obscura que outras séries de Transformers, sendo talvez a mais esquecida de todas as que já foram exibidas nas televisões dos Unidos Estados Americanos (e, por extensão, do Brasil-sil-sil). E é claro que isso me chateia muito, devido à importância que essa série teve pra mim.

Tudo bem que de vez em quando a Hasbro ainda lembra que RID existe e decide trazer alguns de seus elementos de volta, pelo menos na medida do possível. Nos últimos anos, tivemos vários bonecos novos lançados do Sky-Byte, o personagem mais querido e lembrado da série, assim como o seu retorno (não muito triunfal) aos desenhos animados com Cyberverse, e este ano mesmo tivemos um novo boneco em homenagem ao Scourge lançado na linha Legacy. Já a Takara tem feito um trabalho um pouco melhor que a Hasbro a fim de manter RID relevante, devidamente anexando-a ao gigantesco universo expandido da G1 e continuando a história além do seu último episódio em vários mangás recentes. Mesmo assim, às vezes eu me pego pensando que isso tudo não é o suficiente pra mim, pois nada disso se compara à incessante babação de ovo da G1 que parece nunca ter fim, e não se compara nem mesmo ao carinho que os filmes vêm recebendo através da linha Studio Series.

Foi aí então que eu tive a seguinte realização: Poxa, eu gosto da G1, de verdade, mas estou cansado de fingir que eu me importo com ela mais do que me importo com RID. Me acostumei tanto a ver a G1 sendo endeusada por todos ao meu redor, só por ela ser o ponto de origem da franquia, que negligenciei o fato de que eu não possuo quaisquer sentimentos genuínos por ela, porque eu a descobri muito mais tarde na minha vida e apenas me acostumei com a sua existência, tendo sido basicamente forçado a aceitá-la como parte (de longe a maior parte, inclusive) de algo que eu gostava por um motivo diferente. Toda a minha nostalgia pelo que eu pessoalmente conheço como a "origem" dos Transformers está ligada às minhas memórias de infância de RID (seguidas pelo filme de 2007), em uma época onde eu era uma criancinha feliz e ingênua totalmente livre da influência da G1 e de seus piores seguidores. Pensar nisso também me fez refletir sobre animes semelhantes que fizeram parte da minha infância na mesma época mas que surgiram na virada do milênio, como Pokémon, Digimon, Yu-Gi-Oh e muitos outros. Ao contrário de Transformers, eu estava lá para presenciar o nascimento dessas franquias e, mesmo que tantas outras versões e novas gerações tenham sido criadas em cada uma delas ao longo dos anos, confesso que sinto um certo conforto no fundinho do coração em saber que as versões que eu conheci lá atrás são e sempre serão lembradas como as versões que vieram primeiro, independente de quantas mais vierem depois (coisa que eu sou totalmente a favor que aconteça, a propósito, pois eu jamais seria aquele tipo de pessoa CHATA que acha que "só o original é bom e todo o resto é lixo"). A questão aqui não é sobre qualidade nem quantidade, é apenas sobre aquele doce e melancólico sentimento de quem pode dizer "puxa, eu estava lá quando tudo começou, que legal". E é justamente esse sentimento que eu gostaria de poder ter em relação a Transformers, e que eu sinto que me foi roubado quando descobri a existência da G1. E chegar a essa conclusão foi o que finalmente me trouxe a fazer a pergunta que tanto quero responder com esta postagem: Como as coisas teriam sido se a primeira versão de Transformers que eu conheci tivesse mesmo sido a primeira? Ou em outras palavras...

E se a franquia Transformers tivesse surgido com Car Robots/Robots in Disguise no ano 2000?

Isso mesmo, essa é a minha proposta de reescrever a história da franquia Transformers, como havia sugerido no título do post e lá no primeiro parágrafo, baseada inteiramente em um ato egocêntrico de revisionismo histórico! Ora, vocês realmente esperavam algo diferente vindo de mim? A princípio eu pensei em escrever só um resumão da ideia em uma thread do Twitter, mas aí lembrei que ainda tenho esse blog aqui e que posso usá-lo pra postar qualquer coisa que eu quiser.

A ideia é simples: na minha realidade alternativa, a G1 nunca existiu (é impressão minha ou eu acabei de ouvir alguém xingando meu nome lá do asilo no outro lado da cidade?) e, ao invés de terem ocorrido lá no comecinho da década de 80, todos os eventos e decisões que desencadearam a criação da franquia como a conhecemos hoje só virão a acontecer na virada do milênio. Eu sei, eu sei, isso significa que Beast Wars também deixaria de existir, mas como eu gosto dela, já pensei  em uma solução que vamos discutir mais pra frente. E uma última questão que quero esclarecer antes de começarmos: eu sei que remover a existência de Transformers faria com que uma porrada de gente que viveu naquela época perdesse toda a sua vivência com a franquia, o que poderia causar um enorme efeito dominó indesejado. Sendo sincero, eu não tenho uma solução perfeita pra isso (até porque uma pequena parte bastante egoísta de mim acha até que essa limpeza viria bem a calhar), mas sei lá, talvez essas pessoas se tornassem fãs a partir dos anos 2000 mesmo já tendo trinta ou quarenta anos nas costas. E olha que considerando a quantia de gente que deixou de gostar da franquia quando saiu da infância e que voltou a gostar e a colecionar quando adultos, acho até bastante plausível que algo parecido acontecesse mesmo que elas nunca tivessem ouvido falar na franquia antes. Então não se preocupem, meus caros leitores que conheceram Transformers através da G1 lá nos tempos do faraó, vou reservar um lugarzinho especial pra vocês na minha fanfic pra que se tornem fãs através de RID ao invés da G1 (e quem reclamar vai virar fã dos filmes hein, só avisando). Então sem mais delongas, se vocês ficaram curiosos e ainda não me odeiam ou me consideram um herege por tudo que eu disse até aqui, apertem os cintos e vamos nessa:

Nossa história começa, naturalmente, no início dos anos 80, quando a Takara estava cuidando da sua própria vida e lançando seus brinquedos de robôs que viravam tudo que é tipo de coisa, desde carros de corrida a pistolas nazistas em tamanho real, para alegrar a vida das crianças japonesas. Esses brinquedos eram divididos em duas linhas chamadas Diaclone e Microchange. Até aí tudo bem, nada de diferente da vida real, mas a mudança crucial acontece quando nenhum engraçadinho da Hasbro fica sabendo do que se passa no outro lado do mundo pra poder roubar importar a ideia pras Américas Unidas do Estado. O que isso significaria para os GoBots eu não sei, já que é difícil dizer se eles teriam existido caso os Transformers não tivessem (tenho certeza que rolou algum tipo de espionagem industrial, a Tonka não me engana). Talvez eles até tivessem conseguido se sair um pouco melhor sem a sua principal concorrência no caminho, mas eu proponho uma ideia muito mais legal que essa: a linha Dino-Riders teria se tornado a mais bem-sucedida da década, derrotando GoBots e todos aqueles hominhos musculosos e machistas nas vendas. Porque convenhamos, um negócio tão irado quanto Dino-Riders merecia muito mais reconhecimento do que teve na época.

Enquanto isso, lá no Nihon, sem a interferência de ocidentais capitalistas e gananciosos, a Takara teria continuado as linhas DiacloneMicrochange até o fim da década de 80. Podemos até mesmo teorizar que todos os bonecos que na vida real foram lançados durante a G1 e a G2 teriam em vez disso sido lançados como parte dessas duas linhas (por exemplo, o boneco do Powermaster Optimus Prime teria saído na Diaclone e o boneco do Goldbug teria saído na Microchange, sacou?). Esses brinquedos teriam continuado a fazer um sucesso moderado em sua terra-natal, mas não se tornariam conhecidos nem comercializados no oeste ainda (é seguro afirmar que até na vida real as coisas teriam continuado assim por muitos anos se a Hasbro não tivesse metido o bedelho). Com a chegada da década de 90, no entanto, a Takara decidiria rebootar as suas linhas de robôs transformáveis, encerrando Diaclone e Microchange e dando início à franquia Yūsha (ou Braveque já abordamos aqui no blog uma vez!). Para contextualizar, na vida real a Takara criou Yūsha como uma forma de substituir a franquia Transformers depois desta cair em popularidade no Japão (Transformers continuiu existindo, mas o foco da Takara passou a ser Yūsha), por isso decidi reaproveitar a ideia, e também porque eu adoro a franquia Yūsha e não gostaria de vê-la partir.

Assim se seguiria a primeira metade da década de 90, com Yūsha no Japão e nada na terra do Tio Sam. Afinal, essa era a época em que Power Rangers brilhava e ninguém ligava mais pra Transformers mesmo, então não faz a menor diferença. Em contrapartida, precisamos reconhecer que a ausência de BW na segunda metade da década faria com que Yūsha provavelmente tivesse durado mais alguns anos, e esse é o momento em que eu construiria a ponte que irá eventualmente nos levar aonde eu quero chegar. Talvez na minha realidade alternativa teria sido a própria franquia Yūsha que teria evoluído para substituir robôs que viram veículos por robôs que viram animais, e assim teríamos dois animes parecidos com Beast Wars II e Beast Wars Neo lançados em seus lugares, além dos brinquedos também serem praticamente os mesmos. Com isso, finalmente nos aproximamos do fim dos anos 90 e do início dos anos 2000, onde Car Robots nos aguarda.

Nesta versão da história, Car Robots teria sido idealizada pela Takara como um novo reboot que substituiria Yūsha da mesma forma que esta havia substituído Diaclone dez anos antes. Afinal, mais uma virada de década pediria por mais uma renovação, especialmente quando esta também é a virada do século E do milênio. Inclusive, gosto de imaginar que o nome completo da nova franquia, ao invés de ser Transformers: Car Robots, seria Fight! Super Lifeform Car Robots (entenderam o que eu fiz aqui? *piscadinha*), enquanto o resto seria exatamente idêntico a como as coisas são na vida real. Fire Convoy, líder dos Cybertrons; Gigatron, líder dos Destrongers; etc etc etc. E é claro, todos os personagens baseados em brinquedos pré-existentes (como os Predacons/Destrongers que vieram de BW e os Decepticons/Combatrons que vieram da G1 e da G2), viriam de Diaclone Yūsha, ou então teriam sido criados especificamente para Car Robots. E, assim como no nosso mundo, o anime e seus brinquedos seriam lançados no ano 2000 e teriam sido muito bem sucedidos, mantendo o interesse por robôs transformáveis vivo entre os fãs japoneses.

Eis então que as forças cósmicas do universo se alinhariam e enviariam representantes da Hasbro ao extremo oriente a fim de encontrar alguma coisa interessante para importar ao ocidente (possivelmente inspirados na popularidade que outros animes vinham ganhando na época), o que os levaria a descobrir a mais recente linha de brinquedos da Takara e decidir de imediato que ela era exatamente o que eles estavam procurando (tão vendo? Deus escreve certo por linhas tortas, antes tarde do que nunca, demorou mas foi, é coisa do destino!). E assim começaria todo o processo que já estamos mais do que familiarizados: Car Robots se tornaria Transformers; Fire Convoy e Gigatron se tornariam Optimus Prime e Megatron; Cybertrons, Destrongers e Combatrons se tornariam Autobots, Predacons e Decepticons; e por aí vai. Uma grande vantagem para o setor financeiro da Hasbro seria o fato de que ela poderia simplesmente dublar o anime, ao invés de ter que criar todo um desenho animado do zero como foi o caso da G1, e assim tanto o anime quanto os brinquedos poderiam ser lançados nos Estados das Américas Unidas já no ano de 2000 mesmo, sem precisar esperar até 2001. E um detalhe importante que não podemos esquecer, é melhor deixar a Saban de fora dessa pra evitar encrencas com os direitos autorais dessa vez.

Agora, é óbvio que eu não tenho como saber de verdade se as coisas teriam dado certo se tivessem sido assim, mas vou continuar escrevendo da forma mais otimista possível, como se estivéssemos vivendo em uma utopia moldada pelos meus desejos de colecionador. Então é óbvio que a recém-nascida franquia Transformers seria um sucesso absoluto já no ano 2000 e logo também chegaria ao Brasil, onde desencadearia todos os eventos que me levaram a conhecê-la e a me tornar o fã desnaturado que sou hoje, sem praticamente nenhuma mudança naqueles primeiros anos da minha doce e inocente infância (tudo bem que, se eu pudesse corrigir mais uma coisa, seria não ter deixado que essa obsessão arruinasse a minha adolescência quando eu chegasse nela, mas aí já entramos em um território que não é relevante agora).

E aqui vale mais uma pequena recapitulação da vida real: Naquela época, a Hasbro tinha interesse em produzir um filme live-action de G.I. Joe, mas mudou de ideia rapidinho quando os Unidos Estados da América (deem um tempo, minhas opções estão acabando) se meteram na maior encrenca com o Oriente Médio e vocês sabem o resto. Por isso a Hasbro decidiu que seria melhor fazer um filme dos Transformers (uma das decisões mais acertadas da história da humanidade, diga-se de passagem) e começou a trabalhar nele mais ou menos em 2003. Então na minha narrativa fictícia vamos usar algo parecido; com o sucesso estrondoso da adaptação americana de Car Robots (que eu vou continuar chamando de RID pra simplificar), a Hasbro decidiria que um filme para cinema seria uma boa ideia (inclusive fazendo aqui mais um paralelo com o que realmente aconteceu em 1986, exceto que ao invés de ser um filme animado seria live-action), mas o atentado de 11 de setembro de 2001 faria com que esses planos fossem adiados (tá, eu sei que eu acabei de dizer que esse era para ser um mundo "utópico", mas eu tenho quase certeza de que mudar a história da franquia Transformers não seria o suficiente para impedir que o atentado acontecesse, desculpa galera). Por sorte, a Hasbro já teria um plano B em andamento para garantir a longevidade da franquia, tendo se unido à Takara para produzir o próximo anime e linha de brinquedos chamada Transformers: Armada, que seria lançada em 2002. Confesso que não sou lá muito chegado em Armada, mas ainda acho que ela merece existir. Talvez seja irônico que a criação de uma nova série nessa realidade faria com que RID se tornasse conhecida como a G1 e Armada seria tecnicamente a G2, mas juro pra vocês que eu iria preferir morrer do que me tornar um autoproclamado "G1 forever". Também acho que seria muito bacana se a linha Alternators também existisse, mas claro que, na ausência da G1 oitentista, os personagens teriam que ser todos baseados em RID e Armada (o que eu acharia fantástico, imagina só que irados seriam o X-Brawn, o Prowl e o Side Burn na escala de Alternators).

Então chegamos ao período entre 2003 e 2007. Na vida real, depois de Armada tivemos Energon e Cybertron, que juntas formam a Trilogia Unicron. Só que tem um pequeno problema aí no meio (literalmente): Energon é MUITO RUIM. Ela é possivelmente a pior série de Transformers de todas, e olha que concorrência não falta (cof cof War for Cybertron Trilogy cof cof RID 2015 cof cof terceira temporada da G1). Por isso eu digo que, na minha realidade alternativa, Energon nunca teria existido, e a franquia pularia direto para Cybertron (que merece existir nem que seja só pelo fato de ter um dos melhores designs do Optimus Prime de todos os tempos), que seria lançada já em 2003 ou 2004, dependendo de quanto tempo demorasse para Armada terminar (e se você já assistir a Trilogia Unicron, você sabe que Cybertron funciona melhor sozinha do que como sequência de Armada). Mas e depois disso, o que sobra para preencher o tempo se removermos Energon? Então, lembram que lá em cima eu disse que BW ainda tinha salvação? Pois é! Acho que este seria um momento legal de lançá-la, para já dar aquela agitada na fórmula da franquia relativamente mais cedo que na vida real. Afinal, RID (e de certa forma Cybertron) já eram misturas de veículos com animais, e Armada só tinha veículos, então faria sentido que a próxima série fosse focada só em animais para equilibrar. Outra vantagem de lançar BW só em 2004 ou 2005 em comparação a 1996 seria o avanço na qualidade do CGI, que sempre foi um tópico polêmico entre os fãs e assim certamente deixaria de ser (pelo menos um pouco, vai). Quanto à continuidade da série, obviamente ela não poderia incluir referências à G1, o que significa que ou ela precisaria se conectar a RID, Armada ou Cybertron, ou teria que se sustentar sozinha. E apesar de eu não ser uma dessas pessoas que odeiam Beast Machines com todas as suas forças (até porque eu acho a série bem fascinante, pra falar a verdade), é possível que fosse necessário sacrificá-la já que provavelmente não sobraria muito espaço para ela depois disso. Mas, se você fizer tanta questão assim de preservá-la, quem sabe podemos apertá-la depois de BW, sendo lançada na televisão durante a época do lançamento do primeiro filme no cinema, até o finalzinho de 2007.

Agora, uma questão interessante que acho difícil responder é como a minha própria vida seria afetada por essas mudanças na época. Como já disse antes, eu não mudaria nada na forma como conheci e me encantei por RID, mas e o resto? Armada chegou a passar um pouco na Globo, mas não gostei muito dos episódios que vi e logo voltei a agir como se só RID existisse, então acho que na minha fanfic isso não teria sido muito diferente. Já Energon e Cybertron nunca passaram no Brasil, então também existe a possibilidade de que na minha fanfic todas as séries que vieram depois de RID simplesmente não passassem por aqui também. Mas eu duvido que BW não passaria e, assim como na vida real ela passou na Record (pelo menos é o que sempre dizem, eu nunca vi com meus próprios olhos), acho que na fanfic ela também passaria no Brasil, mas teria que ser na Globo ou que sabe no SBT, sei lá. Se bem que isso faria bastante diferença pra mim, porque teve uma época que o SBT não pegava lá em casa, então se tivesse passado BW justo nesse tempo eu teria perdido, enquanto que na Globo eu provavelmente teria assistido e gostado bastante. E pensando bem, ter sido fã tanto de RID quanto de BW antes de assistir ao primeiro filme é algo que eu gostaria muito que pudesse ter acontecido na vida real também.

Ahhhh, e enfim chegamos no ano de 2007, onde nos aguarda a grande questão que tenho certeza que muitos de vocês estão se perguntando desde o começo (ou desde que vocês viram aquele pôster que eu coloquei ali em cima, aposto)! Então, se eu mudei tanto a história de Transformers até aqui, o que eu faria se tivesse o primeiro filme live-action nas minhas mãos? E a resposta não poderia ser mais simples:

Eu não mudaria nada.

"Aiiiiiii Cavalo Atômico mas o Michael Bay isso, a Megan Fox aquilo, mimimi uiuiui minha bunda dói só de pensar na quantia de espinhos no design dos robôs bibibi bóbóbó."

Tá bom amigo, se o filme te incomoda tanto assim vá você escrever sua própria fanfic onde ele nunca existiu. Eu terei prazer em nunca ler uma palavra sequer e assim todos saímos ganhando.

Mas ok, vai. Talvez você seja alguém que simpatiza comigo e agora quer saber por que eu não aproveitaria essa chance para fazer o filme ser mais fiel a RID, já que parecia tanto que era isso que eu faria. Mas a verdade é que eu não mudaria a minha reação inicial ao assistir o filme pela primeira vez por nada nesse mundo. A surpresa de ver algo totalmente novo, diferente do que eu conhecia foi extremamente positiva e ajudou a abrir minha mente à aceitar que várias versões diferentes de Transformers podem coexistir e que está tudo bem com isso (lição que muitos que se dizem fãs até hoje não aprenderam, infelizmente), sem contar o quanto me amarro nos seus designs e personagens até hoje. Por isso gosto de imaginar que nesse meu conto de fadas o filme começou mesmo como uma adaptação fiel de RID, mas com o passar dos anos (e claro, a entrada do Michael Bay como diretor, pode chorar mais se quiser), mudanças drásticas foram acontecendo que resultaram em todas as diferenças que vemos no filme, incluindo, olhem só que interessante, a criação de um personagem inédito chamado Bumblebee para promover o novo Camaro amarelo da Chevrolet. Quer mais um lencinho ou vai precisar de uma toalha de banho inteira?

Então é basicamente isso, esse era o ponto que eu queria chegar. Uma realidade onde eu poderia viver em paz com minha amada RID e meu estimado filme, sem passar a vida inteira embaixo da sombra da G1, sendo tratado como inferior por não preferir o mesmo que outras pessoas que se achavam as "donas da verdade e da razão". Desse modo, RID não seria esquecida e deixada de lado, muito pelo contrário, seria lembrada por todos como a origem da franquia da mesma forma que eu me lembro dela. Já o filme até poderia ser controverso de várias maneiras como sempre foi, mas pelo menos não existiriam todas as insuportáveis comparações com a G1; no máximo seriam feitas comparações com RID e com as outras séries, mas como o público-alvo do filme ainda estaria mais ou menos na mesma faixa etária desde que a franquia começou (já que tudo isso teria acontecido dentro de um período de apenas sete anos), não existiria o mesmo problema que observamos na vida real em que um bando de múmias de cento e cinquenta anos caíram matando em cima de um filme feito para as crianças do novo milênio, eliminando assim o conflito entre gerações que tanto arruinou a experiência de participar do fandom para tantos jovens (eu incluso). Resumindo, essa sim seria a utopia na qual eu gostaria de ter crescido, ao menos no que diz respeito ao meu lado fã de Transformers.

Mas e aí, o que eu faria com todo o resto? O que eu mudaria depois de 2007? Acho que não muita coisa, pra falar a verdade, mas seria necessário fazer alguns ajustes. Animated, Prime, Rescue Bots, Rescue Bots Academy e BotBots eu deixaria o máximo possível do jeito que estão. RID 2015, Prime Wars Trilogy e War for Cybertron Trilogy eu eliminaria sem pensar duas vezes. Da mesma forma, eu deixaria Revenge of the Fallen e Dark of the Moon intactos (exceto talvez pela greve dos roteiristas que prejudicou a produção de ROTF, acho que isso é algo que valeria a pena consertar), enquanto que Age of Extinction e The Last Knight eu mataria sem dó. O filme do Bumblebee prefiro não comentar para não chatear ninguém, e ainda é cedo para julgar o próximo filme, Rise of the Beasts, e a próxima série, EarthSpark. Sem dúvidas eu gostaria que a série Cyberverse, assim como os quadrinhos da IDW e os jogos War for Cybertron e Fall of Cybertron, continuassem existindo, mas é difícil dizer o quanto eles seriam diferentes sem a influência da G1. Mas ei, quem sabe eles seriam até melhores se fossem baseados em RID no lugar? Eu provavelmente acharia mais interessante! Mas acho mesmo é que a maior mudança de todas que eu gostaria de ver seria que de fato lançassem um filme mais fiel a RID em algum momento depois de DOTM, ou que no mínimo colocassem o Sky-Byte em algum filme no futuro. Quanto aos brinquedos, como já sugeri antes, eu acharia o máximo ver os personagens de RID recebendo toda a atenção que os personagens da G1 recebem, ou seja, ganhando toneladas e toneladas de novos brinquedos para todas as idades, assim como réplicas de todos os tamanhos e formatos, desde estátuas super detalhadas com LED nos olhos até miniaturas cabeçudas de olhos pretos e vazios. O que eu acharia mais legal ainda seria ver a linha Generations sendo atualmente composta em sua maioria por bonecos de RID, além de abrirem espaço para todas as séries que vieram depois, claro, e enquanto isso a Studio Series continuaria inteiramente focada nos filmes live-action, como deveria ser. Olha, não sei vocês, mas eu sem dúvidas não resistiria a colecionar todas as centenas e mais centenas de produtos que existiriam do Sky-Byte, mesmo que eu fosse à falência fazendo isso!!! ... Hum, quer saber, pensando bem talvez isso não seria lá uma ideia tão boa assim. De repente viver na nossa realidade atual não parece mais algo tão ruim assim, afinal de contas.

Enfim, acho que isso era tudo que eu tinha para colocar pra fora, que vinha borbulhando na minha cabeça nos últimos dias, fruto de sentimentos que venho carregando já há alguns anos e que já estava mais do que na hora de eu desabafar. Antes de concluir, gostaria de deixar bem claro que esta publicação não tem a intenção de ofender ninguém pessoalmente. Tudo que descrevi aqui são apenas generalizações bastante caricatas e exageradas de experiências que vivenciem inúmeras vezes ao interagir com dezenas de pessoas que nem lembro mais quem eram, mas que deixaram suas marcas em mim. Então se você achar que o chapéu serviu em você, o problema não é meu. Por fim, ainda tenho muitos amigos que quero muito bem dentro do fandom (um abraço pra minha panelinha, vocês sabem quem vocês são), mas se acontecer de um dia vocês lerem isto, espero que não se ofendam e que entendam que eu só me afastei porque precisava de um tempo sozinho.

É isso aí, pessoal, vou nessa. Obrigado a todos que leram até aqui, que gostaram e/ou concordam com tudo ou parte do que eu disse, e nos vemos por aí.

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